sexta-feira, fevereiro 23, 2007

Sistema Imunitário

O sistema imunitário é composto por órgãos linfóides, células e moléculas que estabelecem entre si uma complexa rede de comunicações, e tem como finalidade permitir a nossa defesa contra infecções provocadas por agentes patogénicos como as bactérias, os vírus, os fungos ou por alguns parasitas eucariontes. É um sistema que assiste e suporta o balanço entre o "eu" (self) e o "não - eu" (non-self) ao longo da vida, desenvolvendo e activando mecanismos e estratégias próprias.

O vírus Influenza tem cerca de 0,2 µm de diâmetro. O tamanho das bactérias pode variar entre 0,2 a 10 µm. O Clostridium, mais especificamente, pode variar entre 3 a 10 µm.
O Trypanossoma é um protozoário e o da figura representada é o responsável pela doença do sono, Trypanosoma brucei, transmitida pela mosca tsé-tsé.

O deficiente funcionamento deste sistema pode dar origem a imunodeficiências e a perda de defesas contra agentes infecciosos. As doenças autoimunes, as alergias e tumores podem advir da desregulação deste sistema.

Componentes do sistema imunitário:


As células do sistema imunitário têm origem na medula óssea onde muitas delas também amadurecem. Posteriormente, migram para supervisionar os tecidos, circulando no sangue e no sistema linfático.

As células pluripotentes hematopoiéticas estaminais da medula óssea dão origem a celulas estaminais de potencial mais limitado.

Mecanismos de defesa:

Existem dois tipos diferentes de mecanismos de defesa:
-Mecanismos de defesa não específica;
-Mecanismos de defesa específica.

Mecanismos de defesa não específica

Os agentes patogénicos são impedidos de entrar no organismo pelos mecanismos de defesa não específica, também designados por imunidade inata ou natural, ou são destruídos quando conseguem penetrar. Estes mecanismos desempenham uma acção geral contra corpos estranhos, independentemente da sua natureza, e exprimem-se sempre da mesma forma.

Os mecanismos de defesa não específica que impedem a entrada dos agentes patogénicos são as barreiras anatómicas (pele, mucosas e pêlos das narinas), as secreções (produzidas pelas glândulas sebáceas, sudoríparas, salivares e lacrimais) e os enzimas (existentes no suco gástrico).
Os mecanismos de defesa não específica que actuam sobre os agentes patogénicos que conseguiram transpor as barreiras externas são a reacção inflamatória, a fagocitose, o interferão e o sistema complemento.

Reacção inflamatória:

No local onde os agentes patogénicos conseguem penetrar no organismo vai produzir-se uma reacção inflamatória traduzida por uma sequência de acontecimentos que visam neutralizar ou destruir esses agentes. No tecido lesionado, alguns tipos de células como os mastócitos e os basófilos produzem histaminas e outras substâncias. Estes sinalizadores químicos, para além de funcionarem como atracção de neutrófilos e outros leucócitos para a área danificada - quimiotaxia, provocam a dilatação dos vasos sanguíneos e o aumento da permeabilidade dos mesmos. Como consequência, vai aumentar o fluxo sanguíneo, responsável pelo calor e rubor local, e a quantidade de fluído intersticial, originando um edema. A dor, normalmente associada, é devida à distensão dos tecidos e à acção de várias substâncias nas terminações nervosas.
Cerca de meia hora a uma hora após o início da reacção inflamatória, os neutrófilos e os monócitos começam a atravessar as paredes dos capilares – diapedese, e a passar para os tecidos infectados. Os monócitos transformam-se então em macrófagos.


Diapedese













Os macrófagos que já existiam nos tecidos que foram invadidos multiplicam-se e tornam-se móveis. Estas células, os macrófagos resultantes da diferenciação dos monócitos e os já existentes nos tecidos que são infectados, fagocitam os corpos estranhos e destroem-nos em vacúolos digestivos por acção de enzimas hidrolíticas - fagocitose.

A febre é um mecanismo adaptativo, é um dos sintomas mais comuns nas reacções inflamatórias porque as toxinas, produzidas pelos agentes patogénicos, e os pirógenos (o mais conhecido é a interleucina 1), produzidos por alguns glóbulos brancos, fazem disparar a temperatura corporal. Essas substâncias pirogénicas agem no hipotálamo (o termóstato do corpo), reconfigurando-o para uma temperatura mais alta, e ao fazê-lo, desencadeia os mecanismos de aumento da temperatura do corpo (tremores e vasoconstrição) a níveis acima do normal.

A febre pode impedir a proliferação de micróbios e melhorar a resposta imunológica pelo aumento da capacidade bactericida, migratória dos glóbulos brancos e aumento na produção de interferão contra certos vírus. A sensação que a pessoa febril sente faz com que poupe energia e descanse, funcionando também através do maior trabalho realizado pelos linfócitos e macrófagos com a vasodilatação causada pelo aquecimento.

Após a reacção inflamatória pode ocorrer a reparação tecidular, ou formarem-se abcessos ou granulomas. Os abcessos ocorrem quando a lesão tecidular é muito grande e se forma uma bolsa de pus constituído por microrganismos invasores, leucócitos e restos de tecidos liquefeitos. O granuloma ocorre quando os microrganismos são incluídos em células fagocitárias, mas não são destruídos e em torno dessas células fagocitárias dispõem-se outras, sendo todo o conjunto circundado por uma cápsula fibrosa.

Interferão

Os interferões são proteínas produzidas por certas células quando atacadas por vírus ou por parasitas intracelulares. Estas proteínas não apresentam especificidade pois podem inibir a replicação de diversos vírus. Os interferões difundem-se, entram na circulação e ligam-se à membrana citoplasmática de outras células, induzindo-as a produzir proteínas antivirais que inibem a replicação desses vírus. O interferão não é uma proteína antivírica mas induz a célula a produzir moléculas proteicas antivirais.

Sistema complemento

Este sistema é constituído por cerca de 25 proteínas no estado inactivo que se encontram em maior concentração no plasma sanguíneo e também nas membranas celulares. No âmbito da defesa inespecífica, estas proteínas servem para facilitar a fagocitose de agentes estranhos ou para perfurar as paredes celulares das bactérias conduzindo à sua lise.

O sistema complemento também actua como mecanismo de defesa específica para complementar a actividade dos anticorpos na destruição das bactérias.

Mecanismos de defesa específica

A resposta imunitária específica subdivide-se em três funções: o reconhecimento do agente invasor como corpo estranho, a reacção do sistema imunitário que prepara agentes específicos que intervêm no processo e a acção desses agentes que neutralizam e destroem os corpos estranhos.

A imunidade específica refere-se então à protecção que existe num organismo hospedeiro quando este sofreu previamente exposição a determinados agentes patogénicos e pode ser mediada por anticorpos (imunidade humoral) ou mediada por células (imunidade celular).

Imunidade Humoral (Humores – sangue e linfa)

Quando um antigénio entra num organismo e chega a um órgão linfóide, vai estimular os linfócitos B que possuem na membrana receptores específicos para esse antigénio. Como resposta, os linfócitos B dividem-se e formam células que sofrem diferenciação, originando plasmócitos e células – memória. Os plasmócitos têm um retículo endoplasmático desenvolvido e produzem anticorpos específicos para cada antigénio. Os anticorpos são posteriormente lançados no sangue ou na linfa e vão circular até ao local de infecção.
As células-memória ficam inactivas, mas prontas a responder rapidamente, caso venha a acontecer um posterior contacto com o antigénio.

Os anticorpos actuam de três formas distintas:


Os anticorpos ligam-se a toxinas bacterianas e levam à sua posterior neutralização. As toxinas livres podem reagir com os receptores das células hospedeiras enquanto que o mesmo não acontece com o complexo anticorpo-toxina.

Os anticorpos também neutralizam completamente partículas virais e células bacterianas através da sua ligação às mesmas. O complexo anticorpo-antigénio é ingerido e degradado por macrófagos.

A activação do sistema complemento no âmbito da defesa específica, é feita através do revestimento de uma célula bacteriana por anticorpos. Os anticorpos fixos formam receptores para a primeira proteína do sistema complemento o que leva ao desencadeamento de uma sequência de reacções que conduz à formação de poros e à destruição da célula.

O revestimento de antigénios por anticorpos é reconhecido como elemento estranho pelos fagócitos (macrófagos e leucócitos polimorfonucleares) que os ingerem e destroem. Este processo designa-se por opsonização.
Imunidade mediada por células


Os linfócitos T têm capacidade para reconhecer alguns antigénios que se ligam a marcadores da superfície de certas células imunitárias. Se uma bactéria for fagocitada por um macrófago, os fragmentos resultantes da fagocitose ligam-se a certos marcadores superficiais desse macrófago que os exibe e apresenta aos linfócitos T. A exposição e ligação de linfócitos T com o antigénio específico estimula a sua proliferação.

Existem diferentes tipos de linfócitos T que desempenham funções específicas:

Linfócitos T auxiliares (TH) – estes linfócitos reconhecem antigénios específicos ligados a marcadores e segregam mensageiros químicos que estimulam a actividade de células como os fagócitos, os linfócitos B e outros linfócitos T.

Linfócitos T citolíticos (citotóxicos – TC) - estes linfócitos reconhecem e destroem células infectadas ou células cancerosas (vigilância imunitária, neste caso). Quando estão activos, migram para o local de infecção ou para o timo e segregam substâncias tóxicas que matam as células anormais.

Linfócitos T memória (TM) - estes linfócitos vivem num estado inactivo durante muito tempo, mas respondem de imediato aquando de um posterior contacto com o mesmo antigénio.

Memória imunitária

A resposta imunitária primária traduz-se pelo aumento da produção de anticorpos para um determinado antigénio até atingir um valor máximo, começando de seguida a baixar gradualmente.

O primeiro contacto com o antigénio provoca a proliferação e diferenciação de células efectoras (Linfócitos T auxiliares, Linfócitos T citotóxicos) e de células-memória.

As células-memória são responsáveis pela resposta imunitária secundária mais rápida, de maior intensidade e de duração mais longa, dado que o antigénio específico é reconhecido e há maior eficácia na proliferação de células efectoras para o seu combate e produção de mais células-memória.

As células efectoras duram apenas alguns dias enquanto as células-memória podem viver muito tempo, ou até toda a vida, armazenadas no baço e nos gânglios linfáticos, ficando o organismo hospedeiro imune a esse agente patogénico.

Selecção clonal/ Produção de anticorpos

Cada linfócito que penetra na corrente sanguínea é portador de receptores de antigénio com apenas uma única especificidade (monoespecífico). A especificidade desses receptores é determinada por um mecanismo genético que actua durante o desenvolvimento dos linfócitos na medula óssea e no timo. Cada linfócito é portador de um receptor de especificidade única e os milhões de linfócitos, cada um com uma especificidade diferente, formam o repertório. Nos órgãos linfóides periféricos é seleccionado um linfócito que expressa um receptor de superfície de uma única especificidade de ligação ao antigénio, estimulando-o a proliferar e a se diferenciar, focalizando assim a resposta imune adaptativa naquele agente patogénico. Este processo, selecção clonal, é utilizado também para impedir o surgimento de células auto-reativas. Os clones de linfócitos com receptores que se ligam fortemente aos constituintes próprios no timo e na medula óssea são eliminados por apoptose para que o conjunto circulante de linfócitos seja tolerante aos componentes próprios.


Em suma, a imunidade (inata e adquirida), em sentido lato, consiste nos diversos processos fisiológicos que permitem ao organismo reconhecer, neutralizar e eliminar substâncias que lhe são estranhas e células lesionadas, envelhecidas, anormais ou mutantes.


..............................................Inata............................................Adquirida
................................Não específico de antigénio....................Específico de antigénio
Características.......Resposta rápida (minutos)........................Resposta lenta (dias)
.........................................Sem memória.......................................Com memória

......................................Fagócitos.............................................Linfócitos
Componentes...........Mediadores solúveis...................Moléculas de reconhecimento
............................Barreiras Naturais.........................................de antigénios
....................Moléculas de reconhecimento de perfis*.............Moléculas de secreção

*Podem citar-se como exemplos as lisozimas e as interleucinas que se ligam a determinados padrões moleculares existentes em diversos agentes patogénicos.

Estes dois tipos de imunidade encontram-se relacionados e actuam em simultâneo:


sexta-feira, fevereiro 02, 2007

Síndrome de Huntchinson-Gilford (Progéria)

O que é?

É uma doença genética extremamente rara que acelera o processo de envelhecimento em cerca de sete vezes em relação à taxa normal.A expectativa média de vida das pessoas é de 14 anos para as meninas e 16 para os meninos.Essa doença afecta 1 entre 8 milhões de crianças e desde a sua identificação foram relatados cerca de 100 casos.

Causa:

Acredita-se que a Progéria possa ser uma doença autossómica, recessiva ou dominante. No caso de ser dominante, isso pode ocorrer devido a uma mutação genética nos gâmetas de um dos progenitores.
Os casos em geral são esporádicos. Duas equipes de pesquisadores franceses e norte-americanos identificaram uma mutação no gene LMNA q
ue codifica uma proteína, a Lamina A. Essa mutação torna o núcleo instável. No núcleo de células em crianças com Progéria foram detectadas alterações que levam à instabilidade e morte celular precoce, impedindo a regeneração dos tecidos.
Também é possível que ocorra uma perda progressiva e acelerada das extremidades dos telómeros que controlam o número de divisões nas células, e esse fenómeno é, em geral, evidenciado no envelhecimento progressivo patológico. No envelhecimento progressivo normal e também no patológico, o encurtamento do telómero a cada divisão celular actuaria como uma contagem e um sinal do número de divisões celulares e, indirectamente, da duração da vida.

Diagnóstico:

O diagnóstico da progéria é fundamentalmente clínico e realizado nas crianças que apresentam os sinais iniciais da doença entre o primeiro e o segundo ano de vida. Não existe actualmente nenhum exame que certifica o diagnóstico de progéria. Os portadores da progéria não apresentam retardo mental.

Características fenotípicas:

Ø Artrose
Ø Baixa estatura ou nanismo
Ø Cabelo rarefeito ou ausente (generalizado)
Ø Clavícula ausente ou anormal
Ø Dificuldades na alimentação no lactente
Ø Envelhecimento prematuro
Ø Erupção tardia dos dentes
Ø Face estreita
Ø Fenótipo emagrecido
Ø Hipoplasia terminal dos dedos
Ø Luxação do quadril
Ø Micrognatia/retrognatia
Ø Mobilidade articular diminuída
Ø Pele fina
Ø Pilosidade corporal reduzida
Ø Puberdade tardia/hipogonadismo
Ø Sobrancelhas ausentes/rarefeitas
Ø Unhas dos pés finas/hipoplásicas
Ø Unhas finas/hipoplásicas/hiperconvexas
Ø Choro/voz anormal
Ø Fontanela grande
Ø Lábios finos
Ø Lóbulo do pavilhão auricular pequeno/hipoplásico
Ø Osteoporose


Pesquisas:

Cientistas descobriram uma mutação genética que poderia ser a causa do envelhecimento precoce em crianças. Segundo cientistas, o estudo pode levar à descoberta da cura para a doença e também a novas pistas sobre as consequências do envelhecimento em pessoas sadias, mas a doençaainda não tem cura.
Recentemente, atribuem o problema a um gene que controla a estrutura do núcleo celular -estrutura que comporta a maioria dos genes e cromossomos. Essa mutação, encontrada em crianças com envelhecimento precoce, ativa a produção de uma proteína que desestabiliza o núcleo celular, afectando todas as células do corpo, com excepção das cerebrais.
Na disciplina de Genética do departamento de Morfologia da Universidade Federal de São Paulo foi estudado um caso de progeria em que foi observado ciclo celular mais lento, diminuição da atividade de genes ribossómicos e instabilidade genómica.

Depoimentos:


Lindsay Danielle Ratcliffe
"Oi, meu nome é Lindsay Danielle Ratcliffe. Minha mamãe Kristy e meu papai Joe descobriram quando tinha 5 meses de vida que eu tinha Progeria. Deus deve achar que eles são muito especiais pra abençoá-los comigo!Minha família está orando por um melhor tratamento e cura. Até que a cura seja achada nós estamos vivendo cada dia ao máximo e aproveitando todos minutos. Minha maravilhosa tia Carol e tio Chris estão criando um website pra mim!" (Lindsay)


Ory (Tudo sobre Ory-www.coolory.com)
"Ory nasceu 16 de Abril de 1996 enquanto eu estava no colegial. Minha mãe e eu o levamos ao médico por uma outra razão, mas acabamos descobrindo que ele tinha uma coisa diferente do que esperávamos. O médico observou Ory por aproximadamente 20 minutos e nos contou o que ele achava que Ory possuía."(Mãe de Ory)